quinta-feira, 31 de março de 2011

Artista fafense Dulce Barata Feyo expõe na Cooperativa Árvore, no Porto

A artista Maria Dulce Barata Feyo expõe as suas últimas criações pictóricas, sob o título “Silêncios”, na Cooperativa Árvore, Sala 1.
A abertura da exposição ocorre este sábado, 2 de Abril, pelas 15h30, mantendo-se patente até 27 de Abril, no horário 09h30 às 20h00 (segunda a sexta-feira) e das 15h00 às 19h00 (sábados).
Maria Dulce Barata Feyo nasceu em Quinchães, Fafe, em 1940 e reside em Gondomar.
Licenciou-se em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, em 1983. Foi discípula de Dórdio Gomes, Júlio Resende e Luís Demée, entre outros mestres consagrados das artes plásticas.
Seguiu a carreira docente, sem deixar de se dedicar à pintura.
Expõe desde 1983, individual e colectivamente.
Citada em:
Dicionário dos Pintores e Escultores Portugueses, de

Fernando de Pamplona
Dicionário dos Fafenses, de Artur Ferreira Coimbra.



 

Acerca da obra de Maria Dulce B. Feyo dizem-nos Laura Castro e Miguel Veiga:

Paisagens porquê e para quê?
"(....)De que nos serve olhar para estes substitutos da natureza, para este mundo pintado, se ele não existe fora da tela? De que nos serve este simulacro? Para que serve este artifício?
Podemos responder com o título da exposição: para o silêncio.
Todos nos deixamos guiar pela ideia de uma natureza silenciosa, de um mundo aplacado e imperturbável em que nos embrenhamos quando queremos escapar ao quotidiano frenético, à vivência urbana, à rotina desgastante. Gostamos do ritmo lento apenas pressentido, do ritmo cíclico que nos conforta, da tranquilidade – mesmo sabendo que é aparente – da pausa e da suspensão que a natureza proporciona e, na sua ausência, a paisagem. Nestas telas, os elementos vegetais parecem ter pousado tranquilamente no espaço que a pintora lhes destinou.
Nos anos 40 e 50 havia um termo muito usado pela crítica da época relativamente às tonalidades densas de terras e ocres, de negros e castanhos a que os artistas recorriam. Era um termo de ressonância sinestésica que qualificava as cores de surdas. Não posso deixar de evocar aqui esta curiosidade porque ao olhar para as cores dominantes do trabalho de Dulce Barata Feyo apetece lembrar essa cor contida e surda que se adequa plenamente à metáfora do silêncio que a sua pintura propõe (...)"

Laura Castro

Paisagem por que não?
"Atrevo-me a responder, por mm, porque sim. Dulce Barata Feyo, ao reflectir a realidade como um espelho numa imagem inicial e aparentemente inocente, não deixa criar um segunda realidade – outra, esta submetida ao seu juízo, ao seu sentido de composição e elaboração crítica. Na sua pintura a imagem não é conservada mas transformada. Os espelhos não se limitam a reproduzir a natureza, neles as imagens transformam-se , ganham virtualidade e cumplicidades.
A pintura com que nestas telas se nos expõe, revela e confessa Dulce B. F. não espelha nem retrata a vida, o real, pois não é com eles que a pintora preenche os espaços aparentemente livres da tela branca com que ela se confronta, corpo a corpo, ambas de nudez despidas. Ela sabe que tudo está na tela antes de começar e que todo o trabalho consiste em destapá-la, deixá-la vir ao de cima. Ela sabe que pintar é estar à porta do desconhecido, é perder o pé.
A pintura deste, desse e daquele quadro é um dos obscuros objectos do seu desejo: às escuras, mas há uma noite que esclarece a noite, que é também um dos obscuros motivos dos seus sonhos. A língua com que sonha Dulce B.F. é a sua pintura, com que pretende dizer o indizível que se cola à sua pele. Confiada nos sonhos porque neles se oculta a porta daquela eternidade, num tempo em cada estação abraça todas as outras.
A pintura da Dulce B. F. atrai-me, seduz-me e captura-me num contágio afectivo, num derrame emotivo naquela sensualidade do entendimento e da sua razão gulosa.
Pede-me o desejo que a veja. Nessa fonte que explode de legibilidade porque exactamente o não diz.
Como nesta sua poesia que se vê."
Miguel Veiga 

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