quarta-feira, 4 de maio de 2011

Cântico da Primavera

Quando a Primavera me encontra
Dispo-me encantado
Para a magia das flores das cerejeiras
E o perfume sagrado das madressilvas

É Maio, podia ser um verso
Apenas no bico das cotovias
Que enlouquecem a tarde
À procura do sol

Podia ser cristal ou o verde
Apenas das laranjeiras
Um calmo regato de água
Sem pressa de chegar ao açude
Ou quem sabe o cântico das lavadeiras
A bater nas pedras a brancura
Dos sonhos perdidos nos lençóis de linho

É Primavera quando te beijo
Como se fora a última vez
Quando me retribuis com um sorriso
Do tamanho das manhãs
De musgo e orvalho

A Primavera percorre-nos
De cheiros e sabores que vêm
Dos nossos avós
Cada ano renovados como crianças

Quando vem o cuco noivar os castanheiros
E os grilos invadem a noite
Com o seu quente trilar

É Primavera quando me encontro
Em teus lábios de incêndio
E neles adormeço os dias uterinos de Maio

Inédito.
04/05/2011

6 comentários:

Luísa disse...

Belíssimo poema!
Um grito sereno num despertar de Primavera!
Beijinho terno por tão belas palavras encontradas no tempo de sol...

ARTUR COIMBRA disse...

Obrigado, cara poetisa, que tão bem descreve também a primavera, os afectos, as coisas simples da vida.
Um beijo amigo por se ter lembrado dos meus poemas!

Carlos disse...

Parabéns, Coimbra. Excelente poema, com uma densidade literária primorosa, onde a forma, a temática, a linguagem e os sentimentos expressos nos conduzem para o reino encantado dos homens: a Primavera, o berço da criação.

ARTUR COIMBRA disse...

Caro Carlos Afonso: que bom é ler a voz experimentada de quem sabe duplamente: analisar o poema e fazer versos maravilhosos como os que saem do seu talento!...
Muito obrigado pelas suas palavras, ditadas por uma amizade que sei enorme e sincera.

Luísa disse...

Hoje só poderei dizer: PARABÉNS!Parabéns pela genica com que vive a vida e dá ensinamentos de serenidade!Parabéns pelo sorriso calmo e doce. Que hoje, seja mais um dia se somatório de felicidade junto daqueles que mais ama!E que os dias vindouros, sejam para si cumulativos de bons momentos! Hoje só poderei dizer: Parabéns!

ARTUR COIMBRA disse...

Cara Luísa: deixa-me sem palavras, por se ter lembrado de que faço hoje anos.
Deixa-me sem palavras pelas belas palavras que me dedica e que denotam a maior ternura e amizade, que não sei se saberei retribuir devidamente.
Só uma palavra me ocorre, hoje, perante este testemunho de afecto: obrigado!
É o máximo ter amigos assim. São palavras e desejos destes que dão sentido à vida e tornam mais florida a primavera!
Bem-haja, amiga Luísa!