quinta-feira, 7 de julho de 2011

Insubmissão – Resistência ao Salazarismo em livro memorialista de Eduardo Ribeiro

O salão nobre da Sociedade Martins Sarmento, na vizinha cidade de Guimarães, foi palco, há dias, do lançamento da obra Insubmissão – Resistência ao Salazarismo (não apaguem a memória), do engenheiro Eduardo Ribeiro, uma publicação da Chiado Editores. Eduardo Ribeiro, que faz o favor de ser meu amigo, convidando-me para o evento, é um dos últimos abencerragens do que se convencionou apelidar de oposição anti-fascista.
Largas dezenas de amigos e “companheiros de estrada”, vindos de diversas cidades, desde Guimarães a Fafe, Braga e Vila Nova de Famalicão, entre outras, marcaram a sua presença afectuosa nesta sessão que teve na mesa de honra, para além do conhecido e reconhecido autor, o presidente da Sociedade Martins Sarmento, António Amaro das Neves e o autor do prefácio, ilustre investigador e anti-fascista famalicense Artur Sá da Costa, meu amigo de há muitos anos.

Mesa que presidiu ao evento: Amaro das Neves, Eduardo Ribeiro e Artur Sá da Costa
A obra apresenta-se opulenta, de rico conteúdo informativo, nas suas 400 páginas, que compaginam e resumem a visão do autor sobre os negregados anos do Estado Novo, por ordem cronológica e da luta insana e corajosa dos democratas de diversas tendências para desalojarem o regime que ninguém queria, com base nos apontamentos e elementos que foi coleccionando ao longo da sua luta, a que somou outros colhidos em literaturas que foram sendo tornadas públicas depois do desaparecimento formal do salazarismo.
Na sua génese, segundo o autor, está a indignação face ao controverso programa que a RTP realizou em 2007 para eleição do melhor português de sempre e que elegeu António de Oliveira Salazar, enquanto Aristides de Sousa Mendes, uma das suas mais conhecidas vítimas, se quedou, na sequência da opinião dos votantes, por um mero lugar entre os dez primeiros.
O autor, Eng. Eduardo Ribeiro, lendo um texto sobre o seu livro
Eduardo Ribeiro, opositor inveterado ao anterior regime, indignou-se e sentiu-se insultado, como tanta gente honrada neste país ante tamanha infâmia e resolveu então escrever um conjunto de crónicas no semanário O Povo de Guimarães sob o título “Resistência ao Salazarismo”, começando exactamente pela história de Aristides de Sousa Mendes. As crónicas foram publicadas entre 26 de Fevereiro de 2007 e Outubro de 209, somando mais de uma centena. A reunião do seu conteúdo nesta obra, serve para votar no sentido de que a memória se não apague. É essa a intenção da sua publicação em livro.
A obra abre com um grande e delicioso prefácio de Artur Sá da Costa, sobre os “democratas de Braga”, designação dos resistentes que combateram com coragem e desassombro o salazarismo e o caetanismo e que incluem nomes honrados como Lino Lima, Victor de Sá, Armando Bacelar, Emídio Guerreiro, Miguel Ferreira, Santos Simões, Eduardo Ribeiro, Humberto Soeiro, entre muitos outros. Diz Sá da Costa, que os “democratas de Braga”, hoje “são uma legenda viva, uma referência nos anais da história das lutas políticas contra o Estado Novo”.
Aspecto da assistência ao lançamento da obra
A obra desenvolve-se cronologicamente desde a Ditadura Militar de 1926 ao 25 de Abril de 1974, destacando acções, movimentos e homens que ficam na história pela sua determinação em favor da Liberdade e da Democracia.
Ao longo das páginas, há referências aos lutadores de Fafe, em especial ao Major Miguel Ferreira.
Insubmissão – Resistência ao Salazarismo (não apaguem a memória) é um livro de grande interesse para o conhecimento do Portugal do século XX, entre os anos 20 e os anos 70. Está lá tudo, em especial a luta política dos oposicionistas.

Admiro profundamente e incenso os bravos lutadores contra o fascismo, intrépidos combatentes pelas nobres causas da libertação do povo português do jugo fascista.
No distrito de Braga, eles tiveram nomes honrados e que merecem ser alvo da nossa homenagem e gratidão. Eduardo Ribeiro é um dos últimos abencerragens dessas gerações de portugueses de primeira escolha.
Este livro entra nessa linha de memória e reconhecimento aos lutadores que gastaram a sua vida em prol de um povo livre, solidário e democrático, que foi resgatado pelos capitães em 25 de Abril de 1974.
Os meus mais profundos parabéns ao seu autor e amigo!

Fotos: Dr. Amadeu Gonçalves

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