segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Conceição Antunes: mais uma autora fafense que entrou no universo literário

Na tarde de sábado, a Biblioteca Municipal de Fafe emoldurou-se de amigos para assistir à apresentação do primeiro romance de Conceição Antunes, com o título A que cheiram as giestas.
Conhecia a autora fafense há muitos anos, enquanto artista plástica, com o pseudónimo de “Cloé”. O seu excelente percurso artístico está resumido num post anterior deste blogue. Quem estivar interessado, é só consultar.
Fiquei surpreendido, devo confessar, agradavelmente surpreendido, com esta incursão de Conceição Antunes pelas letras, num romance que é uma história de vida, de nítido cariz autobiográfico.
É mais uma escritora fafense que emerge no panorama literário e cultural local, o que é uma fabulosa notícia. Os leitores não imaginam a quantidade de livros de autores fafenses que já foram apresentados este ano em Fafe, sem muitos darem por isso. Mais de uma dúzia. Brevemente farei uma nota sobre esse assunto, para dar a dimensão da vitalidade cultural e literária que se vive em Fafe, onde alguns pára-quedistas continuam a afirmar que não se passa nada. Talvez nos cafés que frequentam, isso seja verdade!... Mas a vida da cidade, vai muito para além desses redutores microcosmos.

Tive a honra de dizer algumas palavras sobre a autora fafense, que assim surge no panorama literário local e que nasceu nesta cidade em 1952, aqui residindo. De 1954 a 1975 viveu em Luanda (Angola).
Passei a palavra a Sandra Macedo, editora da “Cão que lê”, que resumiu em breves mas judiciosas palavras a sua visão da obra, que inseriu na linha da literatura feminina nacional e internacional.
A meu pedido, o escritor, poeta, docente e grande amigo Carlos Afonso fez a apresentação da obra, que conseguiu ler em escassos dois dias e que considerou “um excelente livro”.


“Hino de amor à mulher”, como considerou o autor de Os Rios Também Choram, nela se destacam as personagens principais: Laura, alter-ego da autora, Marissol, ousada, determinada e desbocada e Lena, boa amiga das outras duas. Um trio de mulheres maduras, vividas, libertas, ávidas de viver a vida.
Numa linguagem emotiva, por vezes brejeira e usando do calão, outras vezes coloquial, mas de grande sentido literário, a autora utiliza certeiramente as palavras e as cores e aborda temas actuais, que percorrem a trama do quotidiano.
Carlos Afonso falou ainda da “grande lição de vida” que vertebra o romance, onde a personagem principal (Laura) é atraiçoada e abandonada, mas mantém-se resistente, ultrapassando a doença da filha, a sua própria doença e uma tentativa de suicídio. Uma heroína, é o que é!...
O vereador Pompeu Martins felicitou a autora, manifestou o apoio da autarquia à obra e falou da “verdade que a literatura deve ser”.

Conceição Antunes, imensamente comovida e sensibilizada, mas intensamente feliz, apenas conseguiu agradecer a todos os presentes que coloriram a sua tarde de sábado, em redor da concretização do sonho que acalentava há muito e que acaba de ver a luz da publicidade: A que cheiram as giestas.
Antes, durante e depois da breve sessão, o talentoso compositor e pianista fafense Nélson de Quinhones tocou algumas músicas, para grande surpresa e contentamento dos presentes, parte dos quais vindos de fora do concelho.


Fotos: Manuel Meira Correia

Sem comentários: