sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Roubalheira, dizemos nós!...

Como é que se pode sentir um trabalhador que há mais de trinta anos dá o melhor de si, laborando a horas e a desoras e a quem este governo vai furtar ainda este ano metade do 13º mês e nos próximos dois anos (pelo menos), foi hoje anunciado, vai roubar (é o termo mais meigo…) os subsídios de férias e de Natal?!...
Indignado! Revoltado! Com vontade de mandar toda esta súcia para o raio!...
Que fez este trabalhador, os outros trabalhadores e os pensionistas para merecer tamanho castigo? Onde é que ele contribuiu para o descontrolo das contas públicas? Onde é que ele gastou mais do que o que ganhou, como faz questão de estar constantemente a vociferar o presidente Cavaco, cujo consulado de dez anos como primeiro-ministro deixou demasiado a desejar para agora vir debitar sermões de arrependimento?
Onde é que ele viveu acima das suas possibilidades ao longo destes anos? Digam-me: onde?
Se muitos viveram dessa forma, castiguem-nos. Se o país viveu acima das suas posses, criminalizem mesmo quem o fez.
Comecem pelo sistema financeiro, que emprestou carradas de massa a quem não devia, por mera cupidez e ganância (e agora devia ficar sem o dinheiro…) e acabem nos políticos, que têm culpas no cartório e devem pagar com língua de palmo as asneiras que cometeram. Mas pagar mesmo, não apenas com essa retórica peganhenta da “responsabilidade política” que nada paga.
E não me venham com a treta da “troika”, porque, ao que se vê e ouve todos os dias, esta malta não se contenta com o famigerado “memorando de entendimento”. Quer sempre mais, para dar uma de “bom aluno” aos proprietários da Europa, essa cambada das Merkles e dos Sarkozys.
Cada vez que vejo o ministro Gaspar das Finanças, a tentação é esconder a carteira, porque quando ele fala é para aumentar impostos, cortar vencimentos, diminuir isenções.
Hoje, veio o Passos Coelho com as suas falinhas mansas, que não convencem ninguém, anunciar um país a caminho da depressão, sem saída airosa.
A mim não me convenceu ainda do “buraco colossal”, que era de 2 mil milhões de euros e hoje já é de 3 mil milhões. Mas, afinal, vem de onde esse “buraco”? Que o diga claramente, inequivocamente, mostrando as contas, o que ainda não fez, nem ele, nem ninguém.
Passos Coelho justificou as medidas com a necessidade de ir além do que estava «previsto no memorando de entendimento» com a troika. Hélas!...
Tão negro e injusto é o que foi hoje divulgado que até o antigo ministro das Finanças, Bagão Félix, veio afirmar que «não faz sentido que só uma parte da população seja penalizada», sendo que a medida devia ser aplicado também no sector privado. «Se a medida fosse espalhada era mais justa. Não faz sentido que só uma parte da população seja penalizada», defendeu.
Bagão Félix considerou que estes cortes são «gravosos» e que vão resultar «numa perda de poder de compra à volta de 30 por cento», o que levará a uma diminuição do consumo, com consequências graves para as empresas.
Até que alguém diz uma para a caixa, e da área da coligação que nos coube em sorte!...
No meio de todo este lamaçal em que nos colocaram, até quase sabe a música o aumento de meia hora na jornada diária de trabalho ou o corte de feriados e de “pontes”, para aumentar (alegadamente) a produtividade que ninguém sabe que coisa seja!
Porque será que os mesmos trabalhadores, em contextos diferentes, são completamente diversos: no estrangeiro, com outra organização e condições de trabalho, são excelentes; em Portugal, são uns “mandriões” para os governos e os empresários que não assumem a respectiva incompetência!...
Coitados de nós: estamos entregues à bicharada! E ainda nem chegámos à Madeira!...

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