quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

J. C. Vieira de Castro (2ª edição) apresentada a 2 de Janeiro na Biblioteca Municipal de Fafe

A excelente obra biográfica J. C. Vieira de Castro, tese de licenciatura do malogrado fafense Álvaro Fernando Moniz Rebelo, que há muito se encontrava esgotada, acaba de ser reeditada pela Câmara Municipal de Fafe e vai ser apresentada ao público na noite da próxima segunda-feira, 2 de Janeiro, a partir das 21h30.
A apresentação está a cargo de Artur Ferreira Coimbra, autor da introdução da obra, com o texto “Conhecer José Cardoso Vieira de Castro”.
Com 336 páginas, a obra teve a sua primeira edição organizada e apresentada pelo escritor e investigador camiliano José Viale Moutinho, em 1993, quase há duas décadas.
Documento fundamental para a compreensão da vida e obra de José Cardoso Vieira de Castro, antigo proprietário da Quinta do Ermo, em Paços, neste concelho e que acabou por constituir-se o maior amigo e confidente do romancista Camilo Castelo Branco, a obra inclui o percurso biográfico, académico, político e trágico de Vieira de Castro, que ficou conhecido para a história, não pela sua brilhante oratória e pelos seus assinaláveis dotes literários e intelectuais, mas como o assassino que estrangulou a jovem esposa, Claudina Adelaide Guimarães, num acesso de ciúmes.
A colaboração de Viale Moutinho concretizou-se na adição de diversos documentos importantes para o entendimento da vida e da tragédia de Vieira de Castro, entre os quais as cartas trocadas com Camilo Castelo Branco, uma intervenção parlamentar em 1866 sobre um projecto de lei relativo à liberdade de imprensa e (fundamentalmente) o longo processo e julgamento de José Cardoso pelo homicídio voluntário na pessoa da sua esposa.
Porquê a apresentação da obra a 2 de Janeiro?
Exactamente porque nesse dia de 1838, quando se perfazem 174 anos, nascia no Porto José Cardoso Vieira de Castro, filho do desembargador fafense Luís Lopes Vieira de Castro, da Casa do Ermo.
Fernando Moniz Rebelo destaca que José Cardoso, que viveu apenas 34 anos, teve uma existência muito breve, mas intensamente vivida. Se me é permitido o paradoxo, dir-se-ia que Vieira de Castro vivendo pouco, viveu muito (…) Vieira de Castro ou era rodeado de amor ou de ódio.
Foi irreverente estudante de Direito na Universidade de Coimbra, vereador e vice-presidente da Câmara de Fafe (era-o quando foi aberta a primeira ala do Hospital, em 1863), deputado no Parlamento, em 1865/66, eloquente orador, autor de diversas obras que deram brado na época, amigo de notáveis escritores seus contemporâneos, político ambicioso e inteligente, acabando por assassinar a esposa (1870) e passar para a posteridade como criminoso célebre. Condenado a 10 anos de degredo, pena posteriormente agravada, partiu para Angola no ano seguinte e acabou por falecer em 5 de Outubro de 1872, com apenas 34 anos de idade, vítima de malária.
É sobre todos estes aspectos que se debruça a interessante obra de Fernando Moniz Rebelo, cuja segunda edição conta com a importante colaboração das firmas BP e de J. M. Moniz Rebelo.

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