domingo, 31 de julho de 2011

16ª Bienal de Cerveira: eu fui!... E você?

Por estes dias acalorados, gozando algumas férias, munido do interessado filho pelas coisas da cultura, o que me deixa obviamente “babado”, rumei até ao Alto Minho, directo a essa maravilha repetida de dois em dois anos que é a Bienal de Vila Nova de Cerveira.
Cerveira é um local paradisíaco, de que juntarei imagens, em outro post. Adoro esta vila pequena mas aprazível e carregada de História.
A décima sexta edição da Bienal decorre de 16 de Julho a 17 de Setembro, em Cerveira, mas também no Porto (Palacete Viscondes de Balsemão) e em Vigo (Casa s Artes), o que diz bem dos propósitos de disseminação cultural e artística da iniciativa. Além da exposição de pintura, escultura, fotografia, artes performativas e vídeo, a Bienal integra um programa paralelo que inclui visitas guiadas, residências artísticas, workshops, conferências e debates e concertos musicais. O programa pode ser consultado em www.bienaldecerveira.pt.
Este aqui é o je, em pose artístico/estática, à porta do Fórum, no centro de Cerveira e palco principal da Bienal
No fundamental, e nas palavras da organização, o evento foi concebido para proporcionar aos visitantes a oportunidade de conhecer as novas tendências da arte contemporânea, dispersas (só em Cerveira) por cinco espaços: o Fórum Cultural, a Casa Vermelha, o Castelo, o Convento de San Payo (do artista José Rodrigues), a República das Artes e a Escola Superior Gallaecia.
Nestes espaços, a maioria de acesso gratuito, excepto o Fórum (5 euros de entrada, 50% para estudantes) estão representados jovens artistas de diferentes nacionalidades: portugueses, brasileiros, espanhóis, franceses, italianos e japoneses, entre outras.
Um mundo de imaginação, de criatividade, de inovação, de transgressão, fazendo apelo a diversíssimos materiais, universo corporizado em diferentes suportes artísticos, uns mais tradicionais, outros mais tecnológicos.
Esta como outras bienais, ou outros eventos artísticos, para lá de nos suscitarem o apelo à contemplação do belo, da harmonia, da perfeição, do jogo de cores e de formas que nos tranquilizam e enriquecem interiormente, também nos interrogam (e inquietam, e incomodam) sobre os limites da arte. O que é (ou o que não é) para nós a arte? E o que é para nós a arte também será para os outros?
O conceito de arte será universal? Ou será uma noção quando muito meramente subjectiva e abstracta, diferente de pessoa para pessoa?
Aqui ficam algumas imagens tiradas sobretudo no Fórum (sem flash, como pedem no local), deixando-se um apelo aos leitores para que, podendo e querendo, visitem esta grande manifestação de arte contemporânea que ainda vai estar patente durante mais um mês e meio.











quarta-feira, 27 de julho de 2011

XXVII Festival Folclórico Internacional de Fafe realiza-se na noite deste sábado

Realiza-se na noite deste sábado, 30 de Julho, o XXVII Festival Internacional de Folclore Fafe 2011, na Arcada, em pleno centro urbano, englobado no programa de animação de Verão promovido pela Câmara Municipal.
O evento conta com a participação do grupo promotor, o Grupo Folclórico da Casa do Povo de Arões, bem como o Rancho Folclórico Etnográfico de Vale de Açores (Mortágua), o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Calendário (V. N. Famalicão), o Rancho Folclórico “Os Marceneiros de Rebordosa”, o Grupo Associativo de Divulgação Tradicional de Forjães (Esposende), o Folk Dance and Music Group “Basarabem” (Moldávia) e o Grupo Folclórico da Casa do Povo de Fermentões (Guimarães).
O festival tem o apoio da Câmara Municipal de Fafe, Junta de Freguesia de Arões S. Romão, Junta de Freguesia de Fafe, Federação do Folclore Português e Delegação de Braga do Inatel.
O programa do festival começa pelas 18h00, com o convívio entre os elementos dos grupos participantes.
Pelas 20h30, tem lugar a recepção dos participantes na Câmara Municipal, posto o que os grupos desfilam em direcção ao local do espectáculo, que arranca pelas 21h30, com a imposição das fitas nos porta-estandartes e a actuação dos ranchos folclóricos.

Breve historial do grupo organizador

O Grupo Folclórico da Casa do Povo de Arões foi fundado em 1 de Janeiro de 1979.
Está filiado no Inatel (Fevereiro de 1997) e na Federação de Folclore Português (Março de 1999), sendo o único com estas filiações no concelho, o grupo é composto por 55 elementos. Gravou programas para algumas estações de rádio e participou em programas transmitidos pela RTP e também já se deslocou a Espanha e a França.
Em 1985 participou num Festival Internacional de Folclore realizado em França, levando assim o nome de Fafe ao mais alto nível,
Em 1987 participou num grande Festival Nacional, realizado na cidade da Maia, juntamente com outros grupos etnográficos do nosso país.
Em 1997, mais uma vez, foi chamado para o alto nível dos Festivais Internacionais, nomeadamente o concurso realizado em Versalhes-França, onde obteve entre 12 grupos o 1º lugar, que foi atribuído por unanimidade do júri.
Em 1999 foi agraciado com a medalha de prata de mérito concelhio pela Câmara Municipal de Fafe. No mesmo ano foi agraciado pela Junta de Freguesia de Arões.
Em 2003, voltou a França e em 2006 foi convidado a deslocar-se ao principado do Mónaco, para participar em festivais internacionais de folclore.
É ainda de salientar a participação assídua do grupo em Festivais Internacionais e Nacionais.
Desde a sua fundação é ponto de honra preservar as danças, cantares, trajes, utensílios e tudo o que possa ter interesse cultural museológico do concelho, tendo este grupo uma procura constante em elementos que possam contribuir para as suas boas actuações e de acordo com a tradição desta terra, mantendo assim uma actividade regular na pesquisa desses mesmos elementos.

Orquestra Jovem "Sopros do Minho" actua sexta-feira à noite em Fafe

A Orquestra Jovem “Sopros do Minho”, vai estar em Fafe, para um concerto na Arcada, em Fafe, na próxima sexta-feira, dia 29 de Julho, com início agendado para as 22h00.
O Concerto insere-se no programa de animação de Verão e é antecedido por um desfile de apelo à música pelas ruas da cidade, com início às 21h00.
Este evento musical culmina um estágio de formação, que decorre no Complexo Turístico de Rilhadas durante quatro dias (terça e sexta-feira). A orientação musical e regência são da responsabilidade do Maestro e Compositor Valdemar Sequeira, técnico da Confederação Musical Portuguesa, que conta com o apoio de uma equipa de Professores da Banda de Revelhe. As peças a executar serão objecto de aperfeiçoamento musical dos jovens filarmónicos.
A Federação Regional de Bandas Filarmónicas do Minho traz, de novo, a grande música filarmónica à cidade de Fafe. Recorde-se que da primeira vez, reuniu no Multiusos da cidade, em 22 de outubro de 2005, nos concertos de outono, as Bandas de Amares, Golães e Revelhe, em homenagem ao Maestro e Compositor Ilídio Costa. O acontecimento valeu-lhe a nomeação para o galardão fafense “Microfone de Ouro”.
Em palco e na rua estarão jovens das Bandas de Antas (Esposende), Revelhe, Caldas das Taipas, Vilarchão, Santa Maria de Bouro, Carvalheira e Cabeceiras de Basto.
Contribuir para a melhoria do nível artístico das Bandas Filarmónicas, estabelecer laços de união entre as Bandas do Minho, a partir da sua juventude, fazer um grande convívio musical jovem e brindar à cidade de Fafe uma contagiante onda musical são objectivos deste evento da Federação Regional de Bandas Filarmónicas do Minho.
A organização deste acontecimento musical é da responsabilidade da Federação de Bandas do Minho, com apoio financeiro da Direção Regional de Cultura do Norte e da Câmara Municipal de Fafe e, ainda, logística do Instituto Português da Juventude.

O dia da avó Emília

Imagem da net
Lembraram-me hoje que, desde 2003, se comemora a 26 de Julho o Dia dos Avós. Um dia luminoso, belo, de convívio intergeracional, no qual os “pais dos nossos pais” ascendem a soberanos seres, respeitados, experientes, num momento de excepção que contrasta com o abandono e a rejeição com que tratamos tantas vezes os idosos deste país, que são, afinal de contas, os nossos pais e avós.
Na minha infância e juventude, repousa apenas uma avó. Dos quatro progenitores de meus pais, apenas restou, na segunda metade do século XX, a face bondosa, trabalhadora, activa, da avó Emília. Um corpo franzino que conheci durante décadas apenas vestido com uma cor: o negro da viuvez. Diria, uma avó derreada ao peso do luto, durante todos os anos que tive o privilégio de a ter como a mãe de meu pai. Ambos já partiram, desafortunadamente, para as respectivas estrelas.
Lembro a avó Emília, poucas palavras, mexida como um sardão, dedicada às fainas agrícolas lá de casa: a apanha da azeitona, pelo íngreme Inverno; as desfolhadas, no Verão; o catar dos bagos, nas vindimas; a recolha da lenha da poda.
Lembro a avó Emília que não parava, que dividia o seu quotidiano entre a nossa casa, em Serafão, a moradia dos restantes dois filhos, na aldeia e a igreja paroquial, onde diariamente expiava os pecados inexistentes, tão pura e boa de coração era. Fazia inúmeros quilómetros todos os dias, numa silhueta irrequieta que hei-de recordar até à eternidade.
Cresci com a avó Emília ao meu lado, mais a inenarrável e amorosa tia Maria, a cada passo desencontradas e indispostas mutuamente, por mera diferença de estilo, mas sempre abertas a questionar a ausência da outra, como se não pudessem viver as duas sob o mesmo tecto, mas não pudessem, do mesmo passo, viver uma sem a outra. Malhas que a psicologia deverá explicar, se é que tal tem interesse para a vida celestial onde ambas descansam!...
No tempo da minha avó, eu crescia, frequentava a escola primária, tomava banho no rio gelado em Fevereiro, para grande azia da minha mãe (e consequente correctivo sobre os meus ossos…), acompanhava o ciclo das sementeiras, das mondas, das regas e das colheitas. O milho, o centeio, os legumes, a batata, o vinho. Uma sociedade agrícola e pecuária que perdurou até aos anos 80 do século XX, e que rapidamente desapareceu, para desconsolo de tantos de nós.
A minha avó voou, certo dia, mais de oito décadas de estar por cá, atropelada por uma bicicleta quando regressava da missa da manhã (o que significou, para a minha mente da altura: é perigoso ir à missa, ensinamento divino que passei a seguir, fielmente, até aos dias de hoje).
Ainda me recordo do seu perfil lívido, quieto, irrecuperável. Nem parecia a minha avó.
Nunca mais falei do assunto, embora a minha avó apareça vezes sem conta na janela irreprimível aberta no meu coração para todos os que me são queridos até à eternidade.
Lembrei-me hoje que a avó Emília não consegue morrer para mim, passados tantos anos. E ainda bem. É porque continua viva!... Pelo menos na minha alma.

domingo, 24 de julho de 2011

"A coragem política do major" - Correio do Minho

Correio do Minho, 24/07/2011, p. 11

Poema de António Barahona

Excelente e escandaloso poema sobre os políticos de António Barahona, pouco conhecido mas firme poeta, ensaísta, islamólogo, indianista, nascido em Lisboa em 1939, publicado no jornal Público deste sábado, 23 de Julho. Um poeta já com boa idade para ter juízo... Não se fazem tais afirmações (poéticas que sejam...) sobre os servidores das nobres causas do "interesse nacional"... 

Major Miguel Ferreira foi o rei da noite

Na noite de sexta-feira, a Biblioteca Municipal de Fafe encheu para ouvir falar do Major Miguel Ferreira, a propósito do lançamento da segunda edição, revista e aumentada, do meu livro Major Miguel Ferreira – Uma Lição de Liberdade.
Além de dezenas de amigos de Fafe, vieram amigos do Porto (Dr. Antunes Moreira e esposa, Ricardo e Ana) de Famalicão (Amadeu Gonçalves, Artur Sá da Costa e esposa), de Guimarães (Eng. Eduardo Ribeiro, insigne lutador antifascista, Fernando Capela Miguel e José Machado), Amarante (Manuel Carneiro) e de outras localidades.
A sessão foi presidida pelo vereador da cultura e jovem amigo que vi crescer, desde tenra idade, Pompeu Miguel Martins. Na plateia, esteve também o presidente da Câmara e velho amigo, José Ribeiro, bem como o vereador Antero Barbosa, com quem tive o privilégio de trabalhar durante uma década na Casa da Cultura.
Foi uma noite feliz, em torno da vida e da obra de um homem bom, íntegro, vertical, de carácter acima de qualquer suspeita, um republicano histórico, honrado lutador contra o fascismo, amante dos princípios da liberdade e da justiça social.

Eu próprio apresentei o percurso vital de Miguel Ferreira, destacando as suas facetas de activista político e militar durante a I República e de integrante da oposição democrática ao Estado Novo. Foram 50 anos de intensa vida pública, sensivelmente, entre 1910 e 1960, até praticamente o seu falecimento, que viria a ocorrer em 4 de Abril de 1961. Noutro post deste blogue, se fala mais circunstanciadamente da vida e obra do “velho Major”.
O meu amigo Artur Sá da Costa veio falar, com a ciência e os conhecimentos de que é possuidor, do enquadramento de Miguel Ferreira na luta dos “democratas de Braga” contra o fascismo, dos anos 50 ao 25 de Abril. Foi uma lição de sapiência!...
O meu amigo Amadeu Gonçalves teve a amabilidade de falar do assunto nos seus interessantes blogues http://litfil.blogspot.com e http://diariosincompletos.blogspot.com.
Um grande bem-haja pelo seu apoio e pela sua amizade de longa data.
Aqui fica também a reportagem fotográfica do acontecimento do habitual colaborador deste blogue, Manuel Meira Correia, a quem manifesto publicamente a minha admiração e a maior gratidão!




sábado, 23 de julho de 2011

Estes “colossais” trapaceiros…

1. Afinal, Passos Coelho desdisse o que o disse. O que todo o mundo disse que disse. O que o próprio Povo Livre, jornal oficial do seu partido, escreveu que disse. Que, afinal, não disse a expressão “desvio colossal”.
Claro está que alguém pressionou o referido senhor para que a Europa que nos tem debaixo de olho não credibilizasse uma tão infeliz e antipatriótica declaração!...
Mas já começamos a ficar habituados à inexperiência (ou será incompetência?) e inabilidade política dos jovens governantes que nos couberam em sorte!...

2. No final da outra semana, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, fez uma professoral conferência de imprensa para anunciar, colossalmente, o que já todos sabiam desde que o governo tomou posse. Que os portugueses que trabalham, os que dependem de outrem, bem como os reformados, vão ser literalmente esbulhados – o termo não pode ser outro, para continuarmos com algum nível linguístico – de cerca de metade do seu subsídio de Natal, o que para muitos trabalhadores era um pé de meia com o qual contavam para pagar o seguro do carro, uma prestação da televisão ou para uma pequena viagem de férias pelo Natal, ninharias para este executivo em que alguns depositam confiança. E, valha a verdade, se os tribunais funcionassem sem considerações políticas, tenho muitas dúvidas de que essa decisão injusta chegasse à prática… Mas todos temos consciência, a começar pelo governo, de que os portugueses são pacíficos, brandos de costumes e naturalmente atreitos mais a obedecer que a raciocinar, ou a manifestar-se!...
O “colossal” ministro atreveu-se a insultar a inteligência dos portugueses quando teve o desplante de afirmar que a sobretaxa do imposto em IRS que levará o equivalente a 50% do subsídio de Natal “é uma medida universal” e que “respeita o compromisso do Governo de impor uma equidade social na austeridade através da justa repartição dos sacrifícios”.
Para lá de se questionar a pertinência de um imposto não previsto no memorando com as instituições internacionais, e que visa claramente alcançar uma almofada política para o governo vir mais tarde afirmar que foi o “salvador da Pátria”, o que apetecia, desde logo, responder ao ministro era que fosse para onde Mafoma mandou as botas… Vá gozar, colossalmente, com quem o nomeou. Se a sua “equidade fiscal” é martirizar os rendimentos do trabalho, presente e passado, está a cavar a sepultura da classe média em Portugal, erro que outros mais perspicazes há muito corrigiram. Agora não atire areia para os olhos dos portugueses. Ao isentar os juros, os dividendos e os rendimentos das empresas, deixou de tornar “universal” a exigência de sacrifícios nesta hora difícil. Demonstrou que o governo do PSD/CDS está, não do lado dos que produzem, dos que constroem o país, mas do capital puro e duro, do capital especulador que vive de explorar o sangue e o suor dos operários e dos que têm rendimentos laborais.
Revolta, indigna, indispõe, por muitas explicações professorais de um ministro que poderá saber muito de finanças, como também Salazar sabia, mas nada revela perceber de justiça, de equidade, de rectidão.
Até o insuspeito ex-líder do PSD, o fafense Luís Marques Mendes, veio publicamente (TVI 24) considerar “injusta” a exclusão dos rendimentos de capital. “Parece-me que o modelo de 1983 era mais justo que o de agora”, afirmou, lembrando que nessa altura, quando o Bloco Central recorreu também à aplicação de um imposto extraordinário, “os rendimentos de capital e as empresas estavam cobertos com impostos de seis e cinco por cento, respectivamente”.
Marques Mendes, muito sensatamente, questionou porque é que as empresas que têm lucros não hão-de pagar também o imposto extraordinário, numa altura em que todos devem dar o seu contributo para sair da crise. E porque é que os juros de depósitos consideráveis, a partir de 100 000 euros, ou de meio milhão de euros, não hão-de ser tributados? Têm medo que escapem para os off-shores? Mas não é isso que os capitalistas já fazem há muito? …
3. Mais surreal foi a explicação do ministro para isentar da taxa extraordinária os rendimentos do capital. “Uma série de dificuldades de ordem técnica” que tornam de “difícil exequibilidade” a tributação daqueles rendimentos. O diário Público ouviu fiscalistas e quadros da administração tributária que desmontam as alegadas “dificuldades” do ministro, considerando que era fácil fazê-lo, assim houvesse vontade política. E essa não há. É o governo que temos, no seu liberalismo conservador, protector do capitalismo, do sistema financeiro e especulativo.
Que ninguém tenha dúvidas: os trabalhadores que paguem a crise!... É o recuperar pela direita de um slogan da extrema-esquerda de há alguns anos atrás, o que não deixa de ser anedótico.
4. Anedótica foi a explicação de Vítor Gaspar para a claríssima e demagógica declaração de Passos Coelho, numa reunião partidária, sobre o alegado “desvio colossal” das finanças públicas. É sempre assim para quem recebe o poder, garantindo sempre não responsabilizar a administração anterior: o país de tanga, a pesada herança, o desvio colossal. O ministro das Finanças enredou-se numa justificação caricata, colossal, como se os portugueses fossem todos mentecaptos. O que se pede ao doutoral ministro, é que não imagine tratar os portugueses como atrasados mentais. Bem basta o que basta!...
5. É engraçado como as pessoas mudam, consoante as situações. Até nas reportagens televisivas dá para perceber as duas caras da falta de vergonha de muitos portugueses. Ainda há poucos meses muitos reclamavam acaloradamente contra os falecidos PEC de Sócrates, porque prejudicavam gravemente a economia individual e colectiva. Não havia direito de pedir mais sacrifícios aos portugueses. Hoje acatam com o maior civismo e comiseração todas as patrióticas “extorsões” do actual governo de direita. Porque “Portugal necessita do apoio de todos”, não é verdade? Parece que ainda há pouco tempo não necessitava!...
Até o conhecido Macário Correia acaba de dar uma machadada mais na já parca credibilidade da classe política caseira. Enquanto o governo foi socialista, manifestou-se encarniçadamente contra a introdução de portagens na Via do Infante, no Algarve. Agora, embora continue a compreender a luta contra as portagens, compreende e aceita os “sacrifícios”, dada a situação das finanças públicas. Porque será que mudou de atitude política? Claro que não tem nada a ver com a mudança de governo…
É enternecedor este “patriotismo” dos troca-tintas!...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Vamos falar do Major Miguel Ferreira

Hoje à noite  (21h30), na Biblioteca Municipal de Fafe, vamos falar do Major Miguel Ferreira, essa referência enorme de republicano histórico, de homem de bem, de homem íntegro, combatente pela Liberdade durante toda a sua vida.
Há 100 anos atrás era deputado às Constituintes. Há 50 anos, falecia (1961), com 83 anos de idade.
Vamos passar em revista a sua luminosa vida de político e de militar, que se ficou pelo posto de Major.
Aqui fica mais uma imagem do nosso Major.

O meu amigo dr. Amadeu Gonçalves divulgou hoje no seu blogue mais alguma informação sobre o assunto. Muito grato.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Animação de Verão em Fafe – música, cinema, jogos tradicionais, férias desportivas, ateliês


Sons de Verão
Julho e Agosto
Arcada – 22 horas

Dia 23/07 – Grupo Musical 20 Ver
Dia 29/07 – Concerto de jovens filarmónicos
Dia 30/07 – XXVII Festival Nacional e Internacional de Folclore Fafe 2011
Dia 05/08 – Aronis Show – XIV Encontro de Emigrantes Fafenses
Dia 13/08 – Água Viva
Dia 20/08 – Espectáculo de fado de Cláudia Madur

CINEMA EM NOITES DE VERÃO
27 Julho/24 Agosto
Anfiteatro de ar livre da Biblioteca Municipal
Quartas-feiras, 22h00 


Jogos Tradicionais
- Praça 25 de Abril

Dia 22/07 – Jogos de mesa e jogos populares
Dia 29/07 – Jogos de mesa e jogos populares
Colaboração: Restauradores da Granja

Ateliês temáticos - Julho e Agosto
Sobre migrações, imprensa e História
– Casa Municipal de Cultura (Museu da Imprensa, Museu das Migrações)

- Férias Desportivas JULHO
Ginástica, ténis, basquetebol, judo

domingo, 17 de julho de 2011

Movimento eclesiástico da diocese com reflexos em Fafe - P.e Paulo foi embora

O diário Correio do Minho reporta hoje, 17 de Julho, as alterações do movimento eclesiástico da diocese de Braga, por decisão do bispo Jorge Ortiga, as quais preenchem duas páginas daquele periódico.
No caso de Fafe, há a registar ligeiras alterações.
A mais surpreendente, ou talvez não, dado que já há alguns dias se falava de um mal-estar na paróquia da cidade, foi o afastamento do Padre Paulo Jorge Brás de Sá, dispensado da paroquialidade “in solidum” de Sta. Eulália de Fafe e nomeado pároco de cinco paróquias do arciprestado de Barcelos: Quintiães, Aboim, Aguiar, Cossourado e Panque.
O jovem clérigo estava em Fafe há menos de um ano, na sequência do lamentável caso do afastamento compulsivo do Padre José Peixoto Lopes da paróquia de Fafe, um incidente que encheu as páginas dos jornais e os ecrãs das televisões exactamente em Julho passado e que, passado um ano, não se sabe como nem porquê aconteceu. O pároco que aqui estava há 25 anos foi prepotentemente afastado da paróquia, substituído por dois outros clérigos, que não tiveram culpa alguma do sucedido, mas o certo é que ainda ninguém conseguiu saber porque é que o Padre Lopes foi ostracizado pela hierarquia. Tal como acontece com outros sectores, nada transparece, nada se conhece, nada se informa. O silêncio é a palavra de ordem…
Voltando ao movimento eclesiástico, em substituição do Padre Paulo, foi nomeado o Padre Pedro Daniel Faria Marques, nomeado pároco “in solidum” de Santa Eulália de Fafe, como quer o arcebispo, “continuando como moderador o P.e João Fernando Peixoto Araújo, contando os dois com a colaboração do P.e Bernardino Ribeiro, o qual é dispensado da capelania da Santa Casa da Misericórdia de Fafe”.
Não deixa de ser curiosa a questão do “moderador”. Todos nos lembramos que há um ano atrás a grande celeuma que envolveu o Padre Lopes também tinha a ver com a figura do “moderador”.
Havia, na paróquia de Santa Eulália, o Padre Peixoto Lopes e o Padre José Manuel Faria. O primeiro mais com as igrejas tradicionais (Matriz e Nova) e o outro com a do Sagrado Coração de Jesus, em S. Jorge, à qual acabou por mudar as fechaduras, para que o Padre Lopes não tivesse nela entrada. Chegou-se a falar até na divisão da paróquia em duas…
Posta a questão ao arcebispo, falou-se em que para este não havia qualquer “moderador”, porque o que interessava era afastar Peixoto Lopes. Nomeados novos párocos, logo apareceu, como que por milagre de Jorge Ortiga, a figura do “moderador”, neste caso, corporizada no Padre João Fernando Peixoto Araújo.
No movimento eclesiástico hoje conhecido, novamente o mesmo pároco continua como “moderador”. Aceita-se, até porque quem o faz, tem poder para o fazer. Só não se percebe, se é que é para qualquer leigo entender, porque é que a mesma atitude e o mesmo tratamento não foram claramente adoptados relativamente ao anterior pároco da cidade, que merecia mais respeito, maior consideração, outro humanismo, outra atitude “cristã” por parte de quem decide estas coisas e que parece nortear-se por valores que deixam muito a desejar, para não irmos mais longe na adjectivação!... Simplesmente, deplorável, indigno, inominável!...
Ficou a saber-se também que o Padre Adelino Marques Domingues foi nomeado pároco de S. Martinho de Quinchães, em acumulação com S. Martinho de Silvares e S. Martinho de Ceidões.

sábado, 16 de julho de 2011

"Major Miguel Ferreira - Uma Lição de Liberdade" (2ª edição): obra a apresentar em 22 de Julho, na Biblioteca de Fafe

A segunda edição, revista e aumentada, da minha obra Major Miguel Ferreira – Uma Lição de Liberdade, vai ser apresentada na Biblioteca Municipal de Fafe, no próximo dia 22 de Julho (sexta-feira), a partir das 21h30.
Na ocasião, o investigador e meu amigo Artur Sá da Costa, vai enquadrar o movimento de oposição ao Estado Novo “Democratas de Braga”, de que Miguel Ferreira (1878-1961) foi um precursor.
A oportunidade para o relançamento desta obra, editada inicialmente pela CMF em 1995 e agora reeditada pela mesma entidade, não poderia ser mais adequada: estamos em plena comemoração do centenário das Constituintes de 1911, que legaram ao país a primeira Constituição saída da Revolução de 5 de Outubro de 1910. De igual forma, passou há poucos meses o cinquentenário do falecimento desta personalidade maior da história recente, não apenas de Fafe mas do distrito e do próprio país.
Sendo a mesma, esta é uma obra diferente, mais rica de conteúdo e de informação, sendo acrescentada com mais meia centena de páginas.
Com o recurso a mais funda investigação e à leitura da preciosa imprensa local, conseguimos ampliar consideravelmente os capítulos da vida de Miguel Ferreira, sobretudo o relativo ao período da 1ª República (1910-1926).
Indefectível republicano, Miguel Ferreira integrou a Carbonária, onde chegou a fabricar bombas, para colaborar na destruição do regime monárquico. Foi membro da comissão municipal republicana ainda no tempo da monarquia.
Logo após o 5 de Outubro, foi Vereador da Câmara de Fafe e depois presidente do Senado Municipal, em 1914.
No quadro do tempo republicano, exerceu por duas vezes o cargo de deputado ao Parlamento, primeiro entre 1911 (em que foi constituinte…) e 1915 e depois entre 1919 e 1921.
Entretanto, foi voluntarioso combatente na Flandres, no final da 1ª Grande Guerra Mundial. De igual forma, foi Comandante da GNR por mais de uma vez e Governador Civil nos meses finais da 1ª República, além de Comandante do regimento de infantaria 20.
Instaurada a ditadura, manteve-se o Major Miguel Ferreira na primeira linha do combate pela restauração das liberdades.
Como resistente, participou activamente na primeira revolta contra a Ditadura Militar (3 de Fevereiro de 1927) e consequentemente, como tantos outros combatentes, foi obrigado ao exílio por alguns anos.
Miguel Ferreira participou depois nos grandes momentos da resistência ao Estado Novo, sendo líder distrital do Movimento de Unidade Democrática, MUD (1945-1948) e das campanhas para a Presidência da República do General Norton de Matos, em 1949 e do General Humberto Delgado, em 1958, ano em que foi objecto de uma grandiosa e merecida homenagem nacional, em Braga, a propósito dos seu 80º aniversário.
No ano seguinte, teve a coragem de ser o primeiro subscritor do manifesto “Aos portugueses”, vulgarmente apelidado de “Vai-te embora António”, em que mais de duzentos resistentes tiveram a audácia de pedir a demissão do ditador Oliveira Salazar, sujeitando-se às maiores punições, o que não veio a acontecer, por razões de que se fala na obra.
Ilustrada com inúmeras fotografias da época e recortes da imprensa local e nacional, Major Miguel Ferreira – Uma Lição de Liberdade, estende-se por 168 páginas e inclui depoimentos, vindos da edição inicial, de conhecidos resistentes ao fascismo, como Mário Soares, Maria Miquelina Summavielle, Victor de Sá e Armando Bacelar, entre outros.
Convido, naturalmente, os leitores do meu blogue a assistir à sessão e a ler a obra, para se conhecer essa personalidade fascinante de republicano, democrata e anti-fascista!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O “Lixo” do capitalismo selvagem

1. Na terça-feira negra da semana passada, a agência de notação financeira (rating) Moody’s decidiu baixar a dívida portuguesa ao nível de “lixo”. O que significa que a mera opinião desses especuladores fornecida aos capitalistas, vulgarmente apelidados de “mercados”, é que o risco do dinheiro emprestado a Portugal está no máximo, ou que a probabilidade de o nosso país saldar as suas dívidas e os seus compromissos a tempo e horas é mínima.
O coro de protestos, mais ou menos emocionais, em Portugal, não se fez esperar. O primeiro-ministro referiu que o corte do “rating” constituiu um “murro no estômago”, outros falaram em decisão “infeliz”, “injustificada” ou “surpreendente”. Outros ainda, com toda a pertinência, apelidaram aquela criminosa notação, de “arrogância, ignorância e superficialidade”, até porque parece não levar em linha de conta o memorando assinado pelo país com a chamada “troika” e até as bárbaras medidas decretadas por Passos Coelho, que vão exigir enormes sacrifícios aos pobres trabalhadores portugueses, que não provocaram a crise, não levaram à falência de bancos americanos ou europeus, não decidiram a injustificável nacionalização do BPN, não se entretiveram na especulação financeira que empurrou o país para o pântano. Foram outros os culpados, a nível interno e externo. Mas como sempre acontece, são os trabalhadores e a classe média que pagam as crises: os mais ricos, ninguém os quer ou consegue incomodar; os mais pobres não têm por onde pagar. É dos livros.

2. É claro que as agências de “rating” fazem o seu trabalho, sujo, na sua maior parte. Ninguém coloca isso em causa. O que já se questiona, e sem qualquer margem para contemplações, é a credibilidade, a idoneidade, a isenção, a competência das agências de notação financeira que dominam o mercado. Além da nefasta Moody’s, as não menos perniciosas Standard & Poor’s e a Fitch. Curiosamente, todas americanas, embora uma delas também tenha capital francês. E é aí que bate o ponto: não deixa de ser inequívoco que estamos perante um execrável ataque concertado do dólar contra a zona euro. Dos americanos contra a União Europeia.
Porque, a imprensa tem-no provado: os Estados Unidos têm uma situação económica e financeira muito pior que a Europa. A dívida pública atinge quase os 100% do PIB (pouco menos que Portugal…). E Barack Obama continua a pressionar os líderes do Congresso americano, não para diminuir o défice, mas para “aumentar o limite da dívida”.
As ditas agências de “rating”, que davam a notação maior ao banco de investimentos Lehman Brothers (o quarto maior dos Estados Unidos), quando já se encontrava em situação de falência, o que acabou por espoletar a grave crise financeira mundial, em 2008, não se mostram preocupadas com a situação no seu próprio país. Porque o que interessa é destruir as economias europeias, em nome de um grosseiro capitalismo que não tem pátria, não tem rosto, não tem coração.
Porque as agências de notação financeira, ao darem as suas “notas”, não estão nem um pouco preocupadas com os imensos e às vezes irreparáveis estragos que vão produzir nas economias dos países. Cada “avaliação negativa” de uma economia, como a portuguesa, determina de imediato um aumento das taxas de juros da dívida, o que resulta no acréscimo dos custos do dinheiro, na falência de empresas e no despedimento de milhares de trabalhadores. No empobrecimento generalizado de um país. O que para as ditas agências não têm a mínima importância, como se comprova…
O que lhes interessa é ganhar dinheiro e fazer ganhar dinheiro aos seus clientes, sobretudo dos Estados Unidos. Não é por acaso que, enquanto as economias mundiais e as populações estão cada vez mais despossuídas e descapitalizadas, as ditas agências apresentam lucros fabulosos. Em 2010, a famigerada Moody’s aumentou em 95% a cotação em bolsa e registou um crescimento de 26%, correspondente a 354 milhões de euros de lucro. À custa da miséria alheia, que ajudou a criar…

3. Se há males que vêm por bem, parece que vai ser desta. A Europa acordou para a necessidade de combater a cartelização das agências americanas.
O presidente da República bem alertou que “as questões em torno da avaliação do risco e da notação financeira dos estados-membros devem merecer uma resposta europeia”. Nos últimos dias, vários dirigentes políticos nacionais e europeus reforçaram a tese de que urge acabar com a pouca vergonha de ver a Europa subjugada ao “oligopólio” das agências norte-americanas. Por isso, admite, finalmente, pensar na criação de agências europeias independentes, que sustenham a destruição da economia europeia pelas meras “opiniões” ou “avaliações” de quem tem vantagens financeiras nas mesmas. Como um árbitro que tem interesses numa das equipas em jogo!...
Também importa que as instituições comunitárias deixem de dar importância ao que importância não merece ter: as alegadas “notações financeiras”, que já se demonstrou serem falaciosas, fraudulentas, interesseiras e assassinas da economia europeia!...
As agências de notação financeira são hoje um dos expoentes máximos do capitalismo financeiro selvagem, que vive vampirescamente de sugar o sangue das economias mais frágeis, provocando sofrimento sem conta nos governos, nas empresas e nas pessoas. Nada disso lhes importa.
São o “lixo” moral do século XXI!...

(Texto publicado na rubrica "Escrita em Dia" do semanário Povo de Fafe, de 15/07/2011)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Kairos apresenta "Entre Fados" na Biblioteca Municipal de Fafe



A Kairos – Produções Culturais apresenta no próximo dia 21 de Julho [5ª feira] pelas 21h30, no auditório da Biblioteca Municipal de Fafe, o concerto ‘entre fados’ - onde os poetas e os músicos que marcam a história do Fado se dão a conhecer pelo trabalho dos intérpretes.
A Kairos propõe que, pelo experimentar deste espectáculo, o público (re)visite lugares da memória através das palavras e sons que mantêm vivo um dos ex-libris da nossa cultura, candidato a Património Cultural Imaterial da Humanidade (UNESCO). A responsabilidade do espectáculo está a cargo de Joaquim Ventura [guitarra portuguesa], Celso Ribeiro [viola de fado] e Celina Tavares [voz], com a participação especial de José Miguel Costa [piano]. O concerto tem a duração aproximada de 60 minutos [Classificação: M/3]. Os bilhetes [3€] encontram-se à venda no Posto de Turismo de Fafe.
Mais informações em: http://entrefados.blogspot.com.
A Kairos - Produções Culturais pretende assim iniciar a promoção de espectáculos cuja série é denominada Outros palcos e que têm em vista realizar espectáculos em palcos menos habituais, salas mais pequenas, aproximando assim um pouco mais os músicos do público.
Para Setembro, está prevista a realização de um concerto de piano.

14º Encontro de Emigrantes Fafenses realiza-se em 5 de Agosto

À semelhança do que vem ocorrendo sistematicamente desde há mais de uma década, a Câmara Municipal de Fafe volta a organizar o tradicional Encontro de Emigrantes Fafenses, visando juntar em salutar convívio os cidadãos naturais do concelho que deixaram a sua terra e se encontram espalhados pelos quatro cantos do mundo, em especial na Europa e no Brasil.
A décima quarta edição do Encontro de Emigrantes Fafenses realiza-se no dia 5 de Agosto, sexta-feira.
A concentração começa pelas 19h00, na Casa Municipal de Cultura, com a visita à exposição sobre a emigração (Fafe na Emigração) e ao Museu da Imprensa de Fafe, para os participantes que o pretendam.
Segue-se o jantar de confraternização entre todos os que a ele se queiram associar e que se realiza no Jardim do Calvário, a partir das 20h00. Nele marcam habitual presença o presidente da Câmara, José Ribeiro e vereadores do Executivo, além de dirigentes associativos ligados à emigração.
As inscrições para o evento estão abertas até ao próximo dia 22 de Julho, podendo ser efectuadas directamente na Casa Municipal de Cultura, remetidas para o fax 253 700 409 ou para o endereço de correio electrónico decd@cm-fafe.pt.
O Encontro de Emigrantes Fafenses culmina com um espectáculo musical na Arcada, a partir das 22 horas, a cargo do grupo local Aronis Show.
Na edição anterior, marcaram presença no evento mais de três centenas de emigrantes fafenses.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Festas de Antime animaram a cidade de Fafe com grandes números

A cidade de Fafe viveu estes últimos três dias as tradicionais Festas em honra de Nossa Senhora de Antime, adoptadas desde há muito como as festas do concelho.
Na sexta-feira, as coisas não correram pelo melhor, devido às condições climatéricas desfavoráveis, pesem as boas prestações dos jovens cantores do programa “Uma Canção para Ti” amigos da nossa Margarida Costa e a revelação fafense do “Progecto Aparte” (banda de Fornelos). Os fados foram cantados no Teatro-Cinema, numa boa alternativa para a chuva que se fazia sentir na cidade.
A noite de sábado, juntou alguns grupos folclóricos na Praça 25 de Abril, num bom espectáculo promovido pela Rancho Folclórico de Fafe e que acabou por juntar uma boa mole humana, dada a noite agradável que se fez sentir.
A partir das 22h30, a Praça Mártires do Fascismo registou uma agradável assistência para assistir a um excelente espectáculo de uma das revelações musicais portuguesas dos últimos meses, os “Deolinda”, da cantora Ana Bacalhau.
Seguiu-se um magnífico espectáculo de água, música, luz e pirotecnia, “Águas Dançantes” que a organização teve o bom gosto e o bom senso de colocar na mesma praça onde tinha acabado o concerto principal das festas.
Domingo foi o dia maior das festas, como é sempre.
Indubitavelmente, a procissão que, pela manhã, enxameia a estrada e ruas entre a igreja paroquial de Antime e a Igreja Nova de S. José, na cidade, constitui a maior demonstração de religiosidade, de fé e de sacrifício que seja possível imaginar. A procissão é porventura o maior ajuntamento de pessoas que acontece em Fafe, sendo a manifestação humana mais participada, por incontáveis milhares de romeiros.
Este ano não fugiu à regra e a tradição cumpriu-se religiosamente. Está tudo dito.
O resto já se conhece e se reitera: um incrível ritual da fé imensa, da devoção incontida, da emoção que toma os corações de milhares e milhares de romeiros que serpenteiam as estradas e ruas de Antime para Fafe, muitos descalços (o que acontece com os pegadores do andor), seja para cumprir promessas feitas em momentos de desespero e de perdição, esgotados outros meios humanos ou científicos, normalmente relacionados com doenças ou “apertos” na vida individual ou familiar, seja “porque gostam” de ir na procissão, por fé e sentido de espiritualidade.
Momento comovedor da procissão é o que se passa sobre a ponte de S. José, no encontro das comitivas que vão de Fafe para Antime e de Antime para Fafe e se encontram e saúdam no meio de milhares incontáveis de fiéis e de curiosos, na fronteira entre as duas paróquias limítrofes. É o encontro amistoso da imagem de Nossa Senhora de Antime e da imagem de Nossa Senhora das Dores, ida de Fafe, com os respectivos “séquitos”. O momento alto acontece quando as imagens se postam frente a frente e fazem uma pequena vénia mútua, em sinal de saudação, momento de emoção e até lágrimas de romeiros mais sensíveis, saudado com palmas e “vivas” e o estralejar de foguetório, de alegria pela visita de uma imagem mariana extremamente querida às gentes fafenses.
O cumprimento das duas imagens, no limite das freguesias, deve ser entendido como a afirmação de um gesto protocolar de recepção e boas-vindas por parte de Fafe à sua convidada de Antime. A partir daí a Senhora é de Fafe. Ainda que por algumas horas, até ao final da tarde, dado que tem de entrar na igreja de Antime antes do sol por.
Enfim, o que surpreende, numa altura de acentuada secularização e afastamento da Igreja por parte de muitos cidadãos, é que, anualmente, o número de participantes na procissão não diminui, antes pelo contrário, numa manifestação acrescida de fé e religiosidade popular.
No domingo à noite (em vez da segunda-feira), pela primeira vez nos últimos anos, realizou-se a majestosa marcha luminosa pelas ruas da cidade.
Antes desse momento, e durante 20 minutos, a partir do Jardim do Calvário, uma brilhante e esplendorosa sessão de fogo de artifício encantou milhares de pessoas que se espalharam pelas ruas centrais da cidade. Foi uma das sessões mais conseguidas dos últimos anos.

Seguiu-se a tradicional marcha luminosa, que este ano atingiu grande nível, com cerca de uma dezena de carros alegóricos e uma soberba participação de grupos locais como a Associação Cultural e Recreativa e Social de Regadas, o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Silvares S. Martinho e a secção de patinagem artística do Grupo Nun’Álvares.
De resto, interessantes carros alegóricos, grupos de samba (se calhar, dispensáveis), fanfarras, grupos folclóricos e diversos números que animaram os “festeiros” durante mais de uma hora.
Está de parabéns globalmente a Naturfafe que teve o apoio do município e de instituições locais.

Fotos: Manuel Meira Correia