quinta-feira, 29 de março de 2012

100 Poemas para Albano Martins – antologia a lançar esta sexta-feira no Porto


A nossa editora de afectos, a Labirinto, comete mais uma fantástica proeza editorial com o lançamento da colectânea 100 Poemas para Albano Martins, o qual acontece festivamente na Fundação Eng. António de Almeida, no Porto, esta sexta-feira à noite.
A obra é apresentada pelo ensaísta e escritor Fernando Guimarães e conta com a presença do homenageado, poeta maior das letras portuguesas das últimas décadas.
A obra é coordenada pela escritora Maria do Sameiro Barroso e tem prefácio do maior pensador português da actualidade, Eduardo Lourenço.
Participam poetas portugueses, brasileiros e espanhóis, muitos deles de nomeada (José Manuel Mendes, Manuel Alegre, Ramos Rosa, José Jorge Letria, Ana Luísa Amaral, Fernando Pinto do Amaral, Casimiro de Brito, Rebordão Navarro e tantos outros, que seria fastidioso enumerar. São uma centena!).
Fafe está representado por três poetas: João Ricardo Lopes, Pompeu Miguel Martins e o signatário.
Participo com o poema seguinte, feito expressamente para a antologia, o que muito me honra e desvanece.

Despedida

Já não moro no poema.
Sem hastes, asas, sorrisos,
A água deixou de correr pelas cascatas,
Os violinos não investem
Qualquer música pelos teus olhos
Circulares, infindos, finais

Nem os barcos sequer zarpam
Das noites de te querer
Com todos os beijos no cio

O azul não interroga o céu
Conjugado com as estrelas
Para te escrever na mais luminosa
Das páginas
Torna-se difícil suportar
Esta ausência de estátua
Vertical, cruel, quase eterna

As palavras deixaram de dizer
A fidelidade das bocas
Ao canto das madrugadas
O suave incesto das fontes
Por dentro do teu coração
Em flor, súplica e rio

Não me resta mais que o redondo das uvas
A roda-viva das abelhas
O branco da cal e das almas
Para te compor
Como só o meu passado te consegue
Feliz, solar, cristalina

Quer dizer, absolutamente
divina!


2 comentários:

Unknown disse...

Dr. Artur Coimbra, boa noite!
Como não sei comentar poesia, apenas a sinto e aprecio, resta-me dizer que li e reli o seu poema e que o acho soberbo, maravilhoso!

Beijinho,
Ana Martins

ARTUR COIMBRA disse...

Obrigado, Ana:
é muito simpático da sua parte.
São os seus olhos de grande poetisa.

Bjos.
Artur Coimbra