terça-feira, 27 de novembro de 2012

Revista Dom Fafes em número duplo publica trabalhos de historiadores locais


 
Acaba de ser editado mais um número duplo da revista cultural Dom Fafes (17/18). A publicação é da Câmara Municipal de Fafe e tem por objectivo publicar trabalhos de investigação sobre aspectos da história do município.
O presente número duplo da revista Dom Fafes, correspondente aos anos de 2010 e 2011, é publicado sob o signo da República, que se comemorou festivamente por estes anos.
Desde logo, o destaque desta edição vai para o trabalho “O Ensino em Fafe durante a Primeira República”, com o qual o investigador Artur Magalhães Leite venceu a nona edição do Prémio de História Local – Câmara Municipal de Fafe, atribuído em 2011 e entregue em 25 de Abril do mesmo ano.
Pretendendo uma visão de conjunto do período republicano (1910-1926), mas indo um pouco atrás, ao século XIX, o texto aborda o aparecimento de escolas, de tipos diferentes de ensino, das dificuldades de instalações, da higiene, das dificuldades económicas, dos serviços de apoio ao ensino e educação, dos esforços para mentalizarem as populações como apelativo aos ideais republicanos através das lições nas salas de aulas.
Regista o valor e diferença entre o ensino oficial público, o particular e o doméstico. Aponta casos de vivências particulares como reflexo do que se passava. Deixa em aberto a possível comparação com os tempos actuais, entendendo as semelhanças e conhecendo as diferenças.
Ainda na mesma área se enquadra o nosso tema em torno do poeta Joaquim Vaz Monteiro, o celebrado autor da obra poética O Solteirão de Fafe (1905) e que, apesar das suas raízes rurais e campesinas, deixou um legado de apego e louvor, em prosa e em verso, à República em geral e à obra republicana em Fafe, em particular. E com belíssimos poemas dedicados à então Vila de Fafe…
utra vez da República se fala e da sua relação com a Imprensa, tema que a jornalista e investigadora Nair Alexandra trouxe à sessão solene comemorativa do 101º aniversário da Proclamação da República realizada na Câmara Municipal de Fafe, em 5 de Outubro de 2011. “A República e a Imprensa” foi o tema genérico da comunicação em que passou em revista, brilhantemente, a campanha eleitoral de 1910 e o fundamental papel da igreja numa sociedade quase exclusivamente católica e com uma taxa de analfabetismo da ordem dos 75%.
Refere a investigadora, “a queda do trono era uma morte anunciada, como testemunha toda a imprensa em 1910, e, principalmente, desde a campanha eleitoral para o sufrágio de 28 de Agosto – as últimas eleições parlamentares em monarquia. Confirmam-no os 28 títulos que consultei desde esse período até à revolução de 5 de Outubro e aos funerais de dois dos principais heróis do movimento: Cândido dos Reis e Miguel Bombarda. Aliás, esse constitui o período sobre o qual se debruça o meu livro A Implantação da República na Imprensa Portuguesa”.
No capítulo dos “estudos”, de realçar desde logo um novo ensaio do jovem historiador Daniel Bastos, sob o título “Doentes, Enfermidades e causas de morte no Hospital da Misericórdia de Fafe (1863-1911)”.
Com a maioria da população a viver no meio rural (estamos a falar na segunda metade do século XIX) em deficientes condições higiénicas, mal alojada e nutrida, servidora de uma prática agrícola arcaica e de subsistência, os índices de mortalidade eram elevados e assumiam contornos assoladores em períodos de intensos surtos epidémicos.
É neste contexto que em 1863 foi inaugurada a obra paradigmática da benemerência brasileira local, o “Hospital Civil de S. José”, administrado pela Santa Casa da Misericórdia de Fafe e essencialmente dirigida aos pobres da região, numa altura em que os ricos eram tratados em casa.
Last but not least, de relevar a exaustiva investigação empreendida pelo fafense D. Joaquim Gonçalves (Bispo Emérito de Vila Real), em colaboração com o Padre Doutor António Franquelim Neiva Soares e de que resultou o artigo “Párocos de Revelhe e Padres naturais da Paróquia”.
Trata-se de um longo, bem documentado e exaustivo trabalho que lista os Párocos que exercerem o seu múnus na paróquia e os Padres aí nascidos.
No elenco dos «Párocos de Revelhe», estão incluídos os da antiga paróquia de Cortegaça até ao séc. XVI, data em que foi integrada na de Revelhe. Estão aí incluídas quatro dezenas de nomes, desde Nuno Viegas (1220) até ao actual pároco Manuel da Fonte Carvalho (2007-).
O “exército de nomes” dos Padres naturais da paróquia só se refere aos que ali nasceram após a fusão das duas paróquias, excepto o caso (anterior) de João Anes (1449). De resto, são mais 24 padres, nascidos em Revelhe, desde Pedro do Canto (1637) a Albano de Sousa Nogueira (1960-).
Um trabalho de insofismável grande fôlego e enorme minúcia investigativa, que enriquece os estudos de carácter religioso, tão parcos no nosso meio.
Mais um número de grande interesse desta publicação, cremos bem, que honra Fafe, a História e a Cultura deste município!
Este número da revista Dom Fafes está à venda na Biblioteca Municipal de Fafe, ao preço unitário de 5 Euros.

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