quarta-feira, 26 de junho de 2013

Fafenses viajaram com Eça de Queirós até Baião


 




 Seis dezenas de fafenses, sobretudo docentes e seus familiares, viajaram este sábado ao saboroso encontro de um dos nomes maiores da literatura portuguesa do século XIX – Eça de Queirós – e sobretudo ao espaço literário de um dos seus mais conhecidos romances, “A Cidade e as Serras”.
O epicentro da visita foi Baião e Tormes, de modo a desfrutar da história, da literatura, da tradição, paisagem, gastronomia e gentes daquele município que se encontra ligado umbilicalmente à obra de um autor incontornável do romance contemporâneo.
A comitiva fafense zarpou logo pela manhã, junto à Escola Secundária, tendo feito a primeira paragem, para o café, na vizinha cidade de Amarante, lembrando o saudosista Pascoais, o remansoso Tâmega e o glorioso orador António Cândido.
Seguiu para Baião, onde visitou demorada e regaladamente o Mosteiro de Santo André de Ancede. As origens deste templo remontam ao século XII, e a mais antiga referência conhecida, de 1120, é respeitante à sua ligação aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Durante vários séculos este mosteiro deteve um considerável património fundiário ligado à produção vinícola, que lhe permitiu beneficiar de grande poder económico. Em 1560 passou a depender de São Domingos de Lisboa e, a partir de então, foram executadas várias campanhas de obras com o objectivo de recuperar o conjunto arquitectónico. No século XIX foi vendida a um comerciante portuense e nos últimos anos foi adquirida pelo município de Baião.
A capela de Nossa Senhora do Bom Despacho, ao lado, foi erguida em 1731, e exibe, no portal datado de 1735, o brasão dos dominicanos.
Uma visita empolgante, sem dúvida, a que se seguiu um almoço queirosiano de arroz de favas à Eça acompanhado de frango caseiro alourado ou, em alternativa, lombo de porco assado à Eça com batatas e arroz especial. Um primoroso serviço do Restaurante Primavera, no centro de Baião.
Estômagos refeitos, a comitiva seguiu para a visita à Casa de Tormes, freguesia de Santa Cruz do Douro, na envolvência dos vales poderosamente cavados do Douro, como o próprio Eça a descreve, onde Eça nunca viveu, mas que serviu de cenário real/ficcional da obra literária “A Cidade e as Serras”.






A Casa e Quinta de Vila Nova em Sta. Cruz do Douro, chamada de Tormes, datada de finais do século XVI, que pertencia à mulher do notável romancista, Emília de Castro Pamplona, constitui-se hoje como um importante núcleo museológico referente à vida e obra do escritor.
A Fundação Eça de Queiroz dispõe de uma biblioteca, que conta com mais de 4.500 livros que pertenceram a Eça de Queiroz, à família Resende e ainda exemplares sobre a vida e obra do escritor que têm sido publicados ao longos dos anos.
Quando se dá início ao percurso rumo à Casa de Tormes, depara-se, na entrada, com um belo pátio em granito, subindo as escadas que estão por debaixo do arco enorme que o escritor fazia referência, encontra-se a Casa-Museu: a sala de entrada; biblioteca; sala museu; sala de estar; sala de jantar; quarto; cozinha; capela; e varanda, com vistas paradisíacas sobre o Douro.
E no seu interior, é um encanto encontrar a viúva do neto (Manuel Benedicto de Castro) de Eça de Queirós, D. Maria da Graça Salema de Castro, simpáticos e rijos 93 anos, actual presidente vitalícia da Fundação que foi inaugurada em 25 de Novembro de 1997, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio.
Levámos-lhe livros de Fafe, para enriquecer a biblioteca da Fundação Eça de Queirós!
 
Foi um privilégio contactar os espaços, os objectos, os ambientes, o imaginário de Eça, de finais do século XIX.
Pelas 20h00, encetámos a viagem de regresso a Fafe.

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