Seis
dezenas de fafenses, sobretudo docentes e seus familiares, viajaram este sábado
ao saboroso encontro de um dos nomes maiores da literatura portuguesa do século
XIX – Eça de Queirós – e sobretudo ao espaço literário de um dos seus mais
conhecidos romances, “A Cidade e as Serras”.
O epicentro da visita foi Baião e Tormes, de modo a desfrutar da
história, da literatura, da tradição, paisagem, gastronomia e gentes daquele
município que se encontra ligado umbilicalmente à obra de um autor incontornável
do romance contemporâneo.
A comitiva fafense zarpou logo pela manhã, junto à Escola Secundária, tendo
feito a primeira paragem, para o café, na vizinha cidade de Amarante, lembrando
o saudosista Pascoais, o remansoso Tâmega e o glorioso orador António Cândido.
Seguiu para Baião, onde visitou demorada e regaladamente o Mosteiro de
Santo André de Ancede. As
origens deste templo remontam ao século XII, e a mais antiga referência conhecida,
de 1120, é respeitante à sua ligação aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
Durante vários séculos este mosteiro deteve um considerável património
fundiário ligado à produção vinícola, que lhe permitiu beneficiar de grande
poder económico. Em 1560 passou a depender de São Domingos de Lisboa e, a
partir de então, foram executadas várias campanhas de obras com o objectivo de
recuperar o conjunto arquitectónico. No século XIX foi vendida a um comerciante
portuense e nos últimos anos foi adquirida pelo município de Baião.
A capela de Nossa Senhora do Bom Despacho, ao
lado, foi erguida em 1731, e exibe, no portal datado de 1735, o brasão dos
dominicanos.
Uma visita empolgante, sem dúvida, a que se
seguiu um almoço queirosiano de arroz de favas à Eça acompanhado
de frango caseiro alourado ou, em alternativa, lombo de porco assado à Eça com
batatas e arroz especial. Um primoroso serviço do Restaurante Primavera, no
centro de Baião.
Estômagos refeitos, a comitiva seguiu para a visita à Casa de Tormes, freguesia de Santa Cruz do Douro, na
envolvência dos vales poderosamente cavados do Douro, como o próprio Eça a
descreve, onde Eça nunca viveu, mas que serviu de cenário real/ficcional da
obra literária “A Cidade e as Serras”.
A Casa e Quinta de Vila Nova em Sta. Cruz do
Douro, chamada de Tormes, datada de finais do século XVI, que pertencia à
mulher do notável romancista, Emília de Castro Pamplona, constitui-se hoje como
um importante núcleo museológico referente à vida e obra do escritor.
A Fundação Eça de Queiroz dispõe
de uma biblioteca, que conta com mais de 4.500 livros que pertenceram a Eça de
Queiroz, à família Resende e ainda exemplares sobre a vida e obra do escritor
que têm sido publicados ao longos dos anos.
Quando se dá início ao percurso rumo à Casa de Tormes,
depara-se, na entrada, com um belo pátio em granito, subindo as escadas que
estão por debaixo do arco enorme que o escritor fazia referência, encontra-se a
Casa-Museu: a sala de entrada; biblioteca; sala museu; sala de estar; sala de
jantar; quarto; cozinha; capela; e varanda, com vistas paradisíacas sobre o
Douro.
E no seu interior, é um
encanto encontrar a viúva do neto (Manuel
Benedicto de Castro) de Eça de
Queirós, D. Maria da Graça Salema de Castro, simpáticos e rijos 93 anos,
actual presidente vitalícia da Fundação que foi inaugurada em 25 de Novembro de
1997, pelo então Presidente da República Jorge Sampaio.
Levámos-lhe livros de Fafe,
para enriquecer a biblioteca da Fundação Eça de Queirós!
Foi um privilégio contactar
os espaços, os objectos, os ambientes, o imaginário de Eça, de finais do século
XIX.
Pelas 20h00, encetámos a
viagem de regresso a Fafe.
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